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Pressentimentos de premonições
Revelam um futuro de sangue
Infaustas revelações de meu fadário
Além de mim não enxergo ninguém
Nem uma mão sequer para limpar o pranto
Naquele leito de miséria só há as lágrimas que juntei
A consciência que adquiri estava conturbada
O riso que tive foi de falso alento
As quedas que tive no caminho faziam parte da trilha
E no pico da montanha só havia o meu espírito que me esperava
Foi loucura a forma que dei significado a tudo
Foi sempre por medo de encarar as coisas como são
Eu sou o meu próprio medo e responsável pela tumba ali exposta
Eu sou minha própria morte
E culpado por todos os crimes que cometi a mim mesmo
Serei julgado pelo abismo porque os juízes desistiram da tarefa
Criei as leis e as ditarei para meu fim
Apagarei a minha história e assim descansarei dessa desventura
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2. |
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Olhando desse campo o encanto que me traz
Uma paz serena vinda dessa pureza aqui presente
Sei que existo nesse exato momento
De me libertar
Ao meu alcance está o meu próprio Eu
Que sempre se esconde
Fugindo da verdade
Aceitando a mentira
Travado na cegueira que o corrompeu
Eu só quero absorver a mágica da natureza
E ter minha alma limpa mais uma vez
Um novo recomeço
Deixando o meu antigo Eu para trás
E para o nunca mais
É lançado o seu destino
Para vir novas possibilidades que irão dar mais sentido a sua existência
Nada como acordar mais uma vez
E poder sentir novas sensações
Estar se recriando a todo instante
Nunca se prendendo ao peso da existência que lhe é cobrado
Uma diferença a tudo que existe
E se reconhecendo
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3. |
Lúcido Para Morrer
04:23
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Suplico por respostas
Mas elas se calam
Quanto mais me conheço
Mais me anseio em sumir
Vagueio em direções incertas
Feito um espírito errante
Ouvindo cantigas de trovadores da morte
Na vastidão do tempo
O encanto se dissolve
E meu presente se culmina em cinzas
De um passado morto
Ao meu redor vejo tudo sem vida
E eu como um corvo a observar
A putrefação dos meus sonhos
Todos os meus sonhos não passam apenas de ânsias inalcançáveis
A desilusão é um espelho cadavérico
Pondo-me cara a cara com o vazio
Estou sozinho como sempre estive
Agora estou lúcido para morrer
Deitando no leito da morte
Donde meu corpo será apenas um banquete para os vermes
E para todo o sempre
Sete palmos abaixo da terra
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4. |
O Fim De Nossas Lutas
06:46
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Como a valsa da ciméria que ecoa
Despercebida pela turbulência
Na solidão da mais profunda melodia
Assim somos nós nesse mundo
Não somos para ser ouvidos
Só queremos alguém
Mas todos foram embora
Uns partiram em busca de aventuras
Ou por ter nos achado entendiantes
Outros faleceram sem se despedir
Nesse agora só habita a carência
A sede por um cálice que nos tire da realidade
Esperando tempos melhores de um destino que nada promete
Talvez estejamos desvairados
A dor pode nos tirar o juízo
E como a valsa triste, cá estamos
Buscando ecoar em outros ouvidos
Interligar com algo além daqui
E se há um horizonte, está longínquo
Esses joelhos calejados fraquejarão até lá
E até lá, que haja sempre a música
Em seu deleite esplendor
Que haja música para o desgraçado
Que haja repouso para o mazelado
Cantemos enquanto houver voz
Para espantar os sentimentos atrozes
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5. |
Despindo-se Do Ego
06:18
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Revelei todas as minhas mágoas
Expus toda a minha dor
Para que todos vissem que aqui dentro alguém se desespera
Foi um suplício ignorado
Taxaram de vergonha
Falei em diversas linguagens
Executei em todos os ritmos
Mas ninguém me ouviu
Permaneci no silêncio
Ignorando a todos e até a mim mesmo
Num grande vácuo do esquecimento
Estive calado em um horizonte ilusório
Neguei todas as verdades sem questioná-las
Aceitei o fim antes chegada
Aticei fogo em todas as fotografias
Escarneci o meu ego
Vi que nada tem importância
De nada vale a subjetividade que projetei
Meu mundo está em chamas
Não olhem na minha cara
E não me digam mais nada
Encaro tudo que me deixa pra baixo
E me ponho mais pra baixo
Descendo para uma maré lúgubre
Para um vazio absoluto
Tudo parece tão injusto
Todas as leis estão contra mim
Essa causalidade vai contra a minha própria natureza
Eu nem queria estar aqui
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6. |
Mãos Vazias
04:50
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O mundo se tornou um lugar inabitável
Carreguei bastante tragédia até chegar nesse precipício
Meu fim veio há muito tempo
Não sei o que estou fazendo aqui
Minha mente se prendeu numa distopia
A minha frente vejo um telúrico horror
Acordo pasmo. Foi mais uma noite de pesadelos
Volto a cansativa realidade
E assim vivo
De todos os sabores provei o mais amargo
Sou um palhaço rindo na forca
Apesar do desastre continuo o show
E quando desaba, vem me a culpa a abalar
Anos após anos preso nessa inércia
A falta de ânimo me torna desprezível
Na certeza de que não sou nada
Vejo um imenso vazio me sucumbindo
Não tenho virtudes a oferecer
E nem determinação para as ter
Vejo tudo apodrecendo
Enquanto deitado assisto a tudo desmoronar
Não tenho virtudes a oferecer
E nem determinação para as ter
Fraco demais para morrer
Fraco demais para viver
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7. |
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Nessa manhã sob o céu cinzento
Tenho as visões de tudo que foi perdido
Assim como essas árvores secas que um dia já tiveram folhas verdes
O chão está repleto de lixo e toxina
O ar podre tira o aroma e a fragrância do que poderia ser puro
Assim como os meus momentos de alegria
Um dia já tiveram cor
Um dia já foram limpos
Agora tudo foi devastado
Não há um florescer
Está tudo morto
As esperanças vagam sob a miséria
A procura de um resplandecer
Enquanto choram vendo tudo morrer
Vagando perdidos
Em um mundo arruinado
Vendo pessoas se matarem
Vendo almas carentes pedindo por ajuda
Cada um morrendo sozinho
Em mortes invisíveis a nossa fuga por sobrevivência
Vagando pela miséria
Tentando sobreviver
Matando para não morrer
Até não restar forças e se diluir no caos
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8. |
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Não teremos caixões para nossos cadáveres
E nosso jazigo será em uma rua qualquer
Como se fôssemos lixos
Na vida somos passageiros de uma única viagem
Para sermos soterrados
Continuaremos existindo na memória
Daqueles que estiveram conosco
Mas morreremos pra sempre até que se esqueçam
Nesse pós-apocalipse ninguém me restou
Ninguém se lembrará de mim
Muitas pessoas também perderam suas famílias
Nós iremos partir como se nunca estivéssemos existido
Estamos unidos na dor do esquecimento e da perca
Conectados ao mesmo lamento
Mas não podemos nos tocar
Somos estranhos vendo um ao outro perecer
A guerra cessou e destruiu todo planeta
Armas nucleares fizeram países sumirem do mapa
E os sobreviventes se agonizam lentamente em seus corpos dilacerados
Pedindo para morrer
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